terça-feira, 8 de junho de 2010

Ele veio antes.

Eu vim depois dele. Ele se pôs a deitar seu desgosto em meus ouvidos. Eu... me coloquei em lugar de escuta.

Quando cheguei, ele já estava lá. O tempo sempre correu tão depressa e eu nem me dei conta que ele também queria atenção. Eu... me coloquei em lugar de escuta.

Ele veio antes de mim. Eu, depois dele. Ele se pôs a falar de suas dores. Disseram-me que isso é castigo, mas, eu... me coloquei somente em lugar de escuta.








segunda-feira, 7 de junho de 2010

A menina com flores nos cabelos.


Quando o ventre inflou, fez desabrochar as flores nos cabelos; desabrochou também os anos que a foto capturou parados, parados no rosto da menina, da menina que dá vida a flores e crianças. Que deixa o sorriso definhar por amor, emprestando-o para outra face, vida de sua vida, adubo de suas flores.

Ao lançar a flecha, a menina só tem as flores e a certeza do alvo incerto. Por não tirar os olhos da flecha esquece-se de cuidar do jardim e, ao perder as flores ganha o pó, que com uma roca feita de dia após dia, transforma em fios finos e coloridos para enfeitar os cabelos saudando a primavera que se foi.