Caleidoscópio

terça-feira, 5 de julho de 2016

Começou


Tô com aquela sensação de coisa errada
Sabe?
Aquela vontade apertada
De futuro
Nostalgia do futuro que não tá lá
Um riso nervoso no lugar do buraco que ficou
Essa foto na parede
Pendurada ao lado da ultima janela que mandei fazer
(É que a luz tava pouca e a vista fraca)

Eu entendi que você queria dançar
E vc queria mesmo
Por que você não disse que o disco já tinha acabado?
Eu to aqui rodando sem parar há anos
Não que eu não esteja cansado, eu tô
Mas a gente...

Pode ficar com o troco
Quando vc voltar, me traz algo
Eu vou sair um pouco
Ver se ainda lembro como é
QUando vc voltar, vc me traz?

Troquei todos os "EUs" por vc
Vc tem tudo que eu gosto
Eu gosta muito de vc
Quando vc voltar, volta mesmo
Tá confusa essa brincadeira
Me dá uma força aqui
Eu adoro essa música
Mas a música acabou, lembra?

To ficando bobo, daqui a pouco caio e aí não vai ter jeito,
essa besteira de fingir vai ter que parar
Se eu cair em cima do tapete, não levanto mais
De toda a mobília, ele é a minha peça favorita
Não tem tapete
Chão
Levanta
Beijo
"Deixa eu abrir a porta pra vc voltar mais vezes"
Clarão

quarta-feira, 7 de março de 2012

Obrigado

Alguns fatos se resumem a pequenas horas, passageiras, ligeiras num dia de mais de cem anos que nos restam, esperando um destino delicado, amável, sensível e sensato.


Umas escrita amena faz-se cadeia de alguma chama que, trêmula, queima um punhado de pensamentos pecaminosos. Que besteira o caminho de iluminação das nossos espíritos fatalistas, faz brilhar insuportavelmente nossas caras cinzas e fe...ridas. Cantávamos ao amor sempre que possível, não que tenhamos deixado de amar, cantamos um pouco fora do tom, pois já não se trata do amor angarrafado que bebiamos e brindávamos.

Me parece que vai acabar mal e de repente, como algo natural, um fenômeno que vai disimar as terras em que vivemos. Vai derrubar nossos altares e manchar de mau gosto nossas roupas. Assim, teremos o desagrado de saber que somos por nós e não sabemos ser. Amar com uma velhice antecipada. Sentir saudades lancinantes de amar com amor humano, de bixo inteligente e um pouco melancólico. Fazer amar parece uma prática de repetição que, sinceramente, de forma maravilhosa, livra-nos do tédio de sermos incapazes de dissuadir o próprio fracasso.



Bendito tempo que salvamos para estarmos acompanhadxs.Ver mais

domingo, 26 de junho de 2011

minha casa



O tempo que corre até o agora sempre me deixa órfão de futuro. Um tempo que não é meu, mas me serve.

Corri durante dias perseguindo minhas próprias costas, sobre a cama que ninguém preparou. Desarrumei os panos. Antes que tarde, quero me despedir, também, deste rosto velho, desta casca grossa e cinzenta, deste entulho, da bagunça que restou das escavações passadas. Ainda não sou barranco, nem vaso ruim. No fim, quero dar um salto e cair devagar.






sexta-feira, 24 de junho de 2011

Café de Meia


Café de Meia é uma das coisas que tem feito com mais vontade e a qual tenho dedicado maior parte do meu tempo.

www.cafedemeia.blogspot.com




quinta-feira, 2 de junho de 2011

Café de Meia





Café de Meia - TERÇA-FEIRA, 07/06, das 16 às 18 hrs.





Como há de se deduzir, tem como matéria prima principal o café, preparado com simplicidade e nostalgia. Todas as terças feiras, durante as tardes, recepcionaremos um público diverso no Cão Pererê para tomar café, conferir oficinas esporádicas, debates, exposições, exibições de filmes de curta metragem, bazar PRATATAH de vendas e trocas, além de culinária vegana e vegetariana.

Beijas

Apoio: Café Tipo Colonial - Torrefazione Bonini Pardo; Cão Pererê; Café Espacial.
Realização: Coletiva PRATATAH.

















quinta-feira, 26 de maio de 2011

com os olhos

Olá! Nós estamos aquí já há algum um tempo.
Você procura todas as coisas pela sala correndo o olhar de uma forma muito atenta; fique a vontade. Há vezes em que o velhos vão primeiro, depois vamos um a um e aí vamos acabando, ficando noutro tempo. Há vezes em que não se morre velho.
Quando precisar de um alento, você vai nos inventar sem rigor, só pra preencher este espaço de lembrança que te falta, então vai se esquecer também. Depois... seja bem bem-vinda garotinha dos olhos grandes.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

coração


descoberta geral da semana.

de deixar feliz numa melancolia aconchegante.

ta aí uma "oração". bons abraços....

segunda-feira, 25 de abril de 2011

ilustração

O dia prometia chuva.
Acendeu a luz do quarto que prometia cores e seu olhar foi ofuscado pela gama de vermelho e azul que prometia ser confortável. O café que prometia ser quente já estava frio e e o pão duro.
Ela não observava com muita atenção o que estava dado e esperava que sua capacidade de inventar a surpreendesse.



quarta-feira, 16 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

azul e cor de rosa, tudo cinza

O dia amanheceu na ressaca de uma noite rápida e precisa. Fez-se uma chuva leve e calma e o ar azulou cinzento; ficamos pacíficos, sentados um a tira colo do outro num milhão de léguas de distância.
Quando era tarde nos tempos das plumas, ficávamos assim também, o tempo não era de espera. Nem imaginávamos as sutilezas do porvir mas como que por prevenção fizemos o possível para estilhaçar todas as incertezas e continuamos em segredo.
Você a sós e eu completamente nú. O que faremos? Vamos nos calar e deixar-nos flutuar rio abaixo. Agora, exala todo o ar que te sustenta!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

se foi sem dizer

Ainda não consigo dizer bem o que me abala. Eu pensei em fazer tantos planos pra você. Eu não disse…você não escutou.

Paramos, rendidos, num monte de segundos a finco, fincados nos joelhos.

Eu escolhi que você vivesse mais. Eu parei de contr o tempo e quis te guardar num segredo eerno e absoluto. Ninguém me disse que não podia.

Te imaginei aos vinte anos. Com rosto de menino. Sem dores futuras e nenhuma alegria futura também. Não te dei um nome mas me chamei pelo teu. Você me viu e aplaudiu.

Não se esqueça de cantar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Da noite passada.

Ai! Basta um silêncio mal resolvido na calada da noite e isso me arrebata novamente. Deixa tudo que se encontra entre a glote e os pés em estado borbulhante e a cabeça dolorida; na horizontal meu corpo despenca de um lado para outro em giros que preparam um salto olímpico para o caderno.
Nunca foi diferente e nem sempre posso sentir, ma a coisa acumula no peito em horas como esta, por motivos diversos, com requintes de crueldade para com meu descanso.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

São os dias

Fiz dos dias uma passagem rápida e despercebida para hoje. Não soube de pronto onde ia dar ou quem retirou a peneira da janela.
Amanhã acordarei cansado, mais uma vez, para reconstruir as vidraças que estilhaçaram os olhos da moça. E se não for amanhã, me cansarei de esperar e na manhã seguinte faço eu mesmo.
Acordarei calado numa das camas do mundo e andarei delirante por caminhos de pedra, levando o que for meu e de quem mais precisar, seja lá quem for, dia a dentro.
Dormirei em terceira pessoa.

domingo, 4 de julho de 2010

Quero enfiar o futuro no bolso.

Parece tão bonito ser retrô. Não sei se são as cores, ou as texturas ... quem sabe as memórias. Abro o armário, pego uma roupa de passado super moderno e me cubro de lembrança, para escapar dos olhos severos do futuro. Sou moderno tentando ser desgarrado do futuro e ponto! Queria ser pós-moderno pra enfiar o futuro no bolso.

sábado, 3 de julho de 2010

Da vez que saltei do alto.


Deixemos tudo então. Parte!
É tempo de partida e não mais de revolta.

Onde foi mesmo que perdí?

Quando foi que nos encontramos?

E somente se ia.

Fica!

Vou, pois nunca desejei ficar por mal.

Vou levando as cores do auto retrato que um dia prometí.

Quando foi mesmo que disse tudo o que podia?

Não houveram promessas e nem muito tempo.

Logo passo por aí.

Gosto muito; não quero longe demais.



É chama, de Vinícius. Flor do mundo, de Ana. A gente cigana que não ficava pra sempre, de Lucinda. Os amores vadios e escassos, de eu mesmo.



terça-feira, 8 de junho de 2010

Ele veio antes.

Eu vim depois dele. Ele se pôs a deitar seu desgosto em meus ouvidos. Eu... me coloquei em lugar de escuta.

Quando cheguei, ele já estava lá. O tempo sempre correu tão depressa e eu nem me dei conta que ele também queria atenção. Eu... me coloquei em lugar de escuta.

Ele veio antes de mim. Eu, depois dele. Ele se pôs a falar de suas dores. Disseram-me que isso é castigo, mas, eu... me coloquei somente em lugar de escuta.








segunda-feira, 7 de junho de 2010

A menina com flores nos cabelos.


Quando o ventre inflou, fez desabrochar as flores nos cabelos; desabrochou também os anos que a foto capturou parados, parados no rosto da menina, da menina que dá vida a flores e crianças. Que deixa o sorriso definhar por amor, emprestando-o para outra face, vida de sua vida, adubo de suas flores.

Ao lançar a flecha, a menina só tem as flores e a certeza do alvo incerto. Por não tirar os olhos da flecha esquece-se de cuidar do jardim e, ao perder as flores ganha o pó, que com uma roca feita de dia após dia, transforma em fios finos e coloridos para enfeitar os cabelos saudando a primavera que se foi.







sábado, 3 de abril de 2010

A morte de Narciso.


Eu imagino que quando Narciso caiu n'água, sua beleza começou a se esvair pelos poros e manchar toda a água que era límpida e os peixes e tudo mais. Então, ao se enxergar no espelho de dentro pra fora o moço se deprimiu tanto com aquela face que nunca conhecera que dali nunca saiu, nem mesmo depois de tragar a água manchada de beleza e deliciar-se com o balé fúnebre que os lindos peixes o dedicaram. Narciso morreu nem feliz nem triste.







sexta-feira, 5 de março de 2010

Na vertical.

Baixe os olhos dos santos para o lixo
E no caminho enxergue a queda
Mastigue a expressão súbita de horror
E me fale do sabor que tem

Pra onde vai a boa vontade?
Reza uma lenda duvidosa
Que ela acaba de se tornar clichê

Chateia-me os avessos
Me emputessem os descasos
Mas gosto mesmo é do estrago.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pensamentos tran.sedentários.

Meus acessos são negados.


Mas a culpa é da sã consciência.

Os miolos estão estreitos e o fluxo apertado.

Os sinais estão econdidos e as dicas camufladas.

Onde fica o travesseiro?




quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A cara de fome.




Eu confesso que não gosto nada dessa impotência cabeluda que me olha com cara feia. Cara feia pra mim é fome. Deve ser fome. Deve ser vontade de me devorar e roer as estruturas. Deve ser inanição.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Pro inferno com o excesso de assunto.


Acontece que eu me canso.


Canso mesmo. De todos os desencontros, de todos os blá blá blás e toda picuinha.

Não gozo de perfeita sanidade mental ou mesmo um pouquinho de equilíbrio para digerir toda a sujeira.

Calem-se!

Meus ouvidos se recusam e minha pasciência é agressiva.



Eu me calo, me dano e assisto de fora da vitrine.
 
 
 
 
 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desobjeto de mim


Dentro de mim, desacompanhado, avulso, em momentos um pouco raros me defronto com tudo o que foi massacrado por pudores. Fico cara a cara, sem medo, sem vergonha - ninguém está olhando agora. Os descubro, vasculho o corpo e a mente de cada um. Toco seus tecidos, suas cascas híbridas, eles são palpáveis. A presença dessas figuras não me incomoda, somos muito semelhantes, até me permito interagir. Eles produzem um assovio que me penetra inebriante e silencia os sons do universo, daí eu escuto apenas o que quero: a voz dos meus pecados.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

É gente

"É tudo gente mais preta que tú",
diria a ignorância.
Já disse muitas vezes
E ainda diz.
É sim, gente mais valente,
se não mais digna.
É melanina,
Não alma.
Alma é diferente.
Caresse zombar não.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Jaz o pudor

O sacrifício da carne. O fogo do prazer. O prazer da carne.
A Saliva de dragão de comodo. A força do corpo. Ódio.
O peso da traição, a mim, ao outro e ao outro e ao fulano.
O sacrifício da carne e da sã consciência.
Jaz  o pudor.








sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Gritos contidos





Eu grito
Esbravejo contidamente
Ninguém escuta
Algo como se meus ouvidos captassem o som de meus pensamentos
Os mais elucidantes
Eu
Pensamentos gritados
Guardados por um envólucro de calma e pele.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Depois do furacão...

Um vento passou.

Lembrança é o caralho!

Sonhei que nós passávamos o dia todo de testas coladas enquanto tomávamos um café no frio e nos esquentávamos de amor
Sonhei que a lembrança é doce até a metade, depois vira jogo
Jogo de agradar, de sorrir, de ser mais que o outro
Peripécias amorosas
Amorosas é o caralho!!!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Domingo, saudade.



O chão frio
A boca suja
Um supiro
Um cigarro só
Só de sozinho
A música lenta
Um carinho no peito
O peito frio.

Um beijo...na lambrança.
Tudo vai bem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Miniconto

"O monstro da ressaca na luta contra o monstro da memória e a gosmenta ninja da culpa de cócora num canto da sala sem cortina."

Janela





Olhar através da moldura
e ver um beijo guardado,
um sorriso ilumindo pelos lábios teus
que cruzam os meus.
Os olhos descansados,
guardados pelas pálpebras fechadas,
escondem os sentidos
mas os poros exalam as cores
iluminando o quarto escuro.
A luz apagada no leito do prazer.


Nada mais se move nessa janela.
Virou um retrato de um passado próximo distante
Bom em seu mau,
Feliz na dúvida
E duradouro em seu...enfim


Me acostumo com a ausência
Me lembrando dos pedaços pela casa
Não limparei os cacos.
Deixe-os aí!
Talvez a poeira se aloje,
Ofusque o brilho das cores
Mas talvez a luz nem entre pelas janelas
Mesmo assim eles estaram alí


Nada mais se move nessa janela fechada.
Um retrato de um passado distante
Bom em seu mau,
Feliz na dúvida
E eterno em seu tempo


E em todo tempo
Outro tempo virá.
Mas eles continuarão alí.