sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

se foi sem dizer

Ainda não consigo dizer bem o que me abala. Eu pensei em fazer tantos planos pra você. Eu não disse…você não escutou.

Paramos, rendidos, num monte de segundos a finco, fincados nos joelhos.

Eu escolhi que você vivesse mais. Eu parei de contr o tempo e quis te guardar num segredo eerno e absoluto. Ninguém me disse que não podia.

Te imaginei aos vinte anos. Com rosto de menino. Sem dores futuras e nenhuma alegria futura também. Não te dei um nome mas me chamei pelo teu. Você me viu e aplaudiu.

Não se esqueça de cantar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Da noite passada.

Ai! Basta um silêncio mal resolvido na calada da noite e isso me arrebata novamente. Deixa tudo que se encontra entre a glote e os pés em estado borbulhante e a cabeça dolorida; na horizontal meu corpo despenca de um lado para outro em giros que preparam um salto olímpico para o caderno.
Nunca foi diferente e nem sempre posso sentir, ma a coisa acumula no peito em horas como esta, por motivos diversos, com requintes de crueldade para com meu descanso.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

São os dias

Fiz dos dias uma passagem rápida e despercebida para hoje. Não soube de pronto onde ia dar ou quem retirou a peneira da janela.
Amanhã acordarei cansado, mais uma vez, para reconstruir as vidraças que estilhaçaram os olhos da moça. E se não for amanhã, me cansarei de esperar e na manhã seguinte faço eu mesmo.
Acordarei calado numa das camas do mundo e andarei delirante por caminhos de pedra, levando o que for meu e de quem mais precisar, seja lá quem for, dia a dentro.
Dormirei em terceira pessoa.

domingo, 4 de julho de 2010

Quero enfiar o futuro no bolso.

Parece tão bonito ser retrô. Não sei se são as cores, ou as texturas ... quem sabe as memórias. Abro o armário, pego uma roupa de passado super moderno e me cubro de lembrança, para escapar dos olhos severos do futuro. Sou moderno tentando ser desgarrado do futuro e ponto! Queria ser pós-moderno pra enfiar o futuro no bolso.

sábado, 3 de julho de 2010

Da vez que saltei do alto.


Deixemos tudo então. Parte!
É tempo de partida e não mais de revolta.

Onde foi mesmo que perdí?

Quando foi que nos encontramos?

E somente se ia.

Fica!

Vou, pois nunca desejei ficar por mal.

Vou levando as cores do auto retrato que um dia prometí.

Quando foi mesmo que disse tudo o que podia?

Não houveram promessas e nem muito tempo.

Logo passo por aí.

Gosto muito; não quero longe demais.



É chama, de Vinícius. Flor do mundo, de Ana. A gente cigana que não ficava pra sempre, de Lucinda. Os amores vadios e escassos, de eu mesmo.



terça-feira, 8 de junho de 2010

Ele veio antes.

Eu vim depois dele. Ele se pôs a deitar seu desgosto em meus ouvidos. Eu... me coloquei em lugar de escuta.

Quando cheguei, ele já estava lá. O tempo sempre correu tão depressa e eu nem me dei conta que ele também queria atenção. Eu... me coloquei em lugar de escuta.

Ele veio antes de mim. Eu, depois dele. Ele se pôs a falar de suas dores. Disseram-me que isso é castigo, mas, eu... me coloquei somente em lugar de escuta.








segunda-feira, 7 de junho de 2010

A menina com flores nos cabelos.


Quando o ventre inflou, fez desabrochar as flores nos cabelos; desabrochou também os anos que a foto capturou parados, parados no rosto da menina, da menina que dá vida a flores e crianças. Que deixa o sorriso definhar por amor, emprestando-o para outra face, vida de sua vida, adubo de suas flores.

Ao lançar a flecha, a menina só tem as flores e a certeza do alvo incerto. Por não tirar os olhos da flecha esquece-se de cuidar do jardim e, ao perder as flores ganha o pó, que com uma roca feita de dia após dia, transforma em fios finos e coloridos para enfeitar os cabelos saudando a primavera que se foi.







sábado, 3 de abril de 2010

A morte de Narciso.


Eu imagino que quando Narciso caiu n'água, sua beleza começou a se esvair pelos poros e manchar toda a água que era límpida e os peixes e tudo mais. Então, ao se enxergar no espelho de dentro pra fora o moço se deprimiu tanto com aquela face que nunca conhecera que dali nunca saiu, nem mesmo depois de tragar a água manchada de beleza e deliciar-se com o balé fúnebre que os lindos peixes o dedicaram. Narciso morreu nem feliz nem triste.







sexta-feira, 5 de março de 2010

Na vertical.

Baixe os olhos dos santos para o lixo
E no caminho enxergue a queda
Mastigue a expressão súbita de horror
E me fale do sabor que tem

Pra onde vai a boa vontade?
Reza uma lenda duvidosa
Que ela acaba de se tornar clichê

Chateia-me os avessos
Me emputessem os descasos
Mas gosto mesmo é do estrago.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pensamentos tran.sedentários.

Meus acessos são negados.


Mas a culpa é da sã consciência.

Os miolos estão estreitos e o fluxo apertado.

Os sinais estão econdidos e as dicas camufladas.

Onde fica o travesseiro?




quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A cara de fome.




Eu confesso que não gosto nada dessa impotência cabeluda que me olha com cara feia. Cara feia pra mim é fome. Deve ser fome. Deve ser vontade de me devorar e roer as estruturas. Deve ser inanição.